segunda-feira, 29 de junho de 2009

Produção Gráfica Limpa - Offset

Universidade Federal da Bahia
Escola de Belas Artes
Materiais e Processos Gráficos
Professora: Erica Ribeiro
Data: 29/06/09
Alunos: Felipe Victor; Marcelo Oliveira

Quando se fala em produção gráfica limpa, não se pode esquecer que este tema é derivado de um outro já muito discutido entre designers, produtores gráficos e outros profissionais da área: Sustentabilidade. Práticas sustentáveis são ações que visam gerar menor impacto ambiental, sem esquecer, também, das questões sociais e econômicas envolvidas. Mas de que forma estas práticas podem ser efetivamente vivenciadas no dia-a-dia de uma gráfica? Será que a produção continua economicamente viável após a adoção de práticas sustentáveis?


Primeiramente veremos as etapas da produção gráfica e o que se pode fazer para que se diminuam os impactos ambientais causados pelas práticas incorretas.


Etapas da produção gráfica


a) Pré-impressão: A pré-impressão, nos dias de hoje, vai do processo de criação de uma arte até a transformação deste arquivo ainda “bruto” em um arquivo pronto para ter seu grafismo transferido para uma matriz de impressão. Engloba os processos de criação, arte final, processamento de reprodução de imagem, preparação de prova e confecção da matriz.


b) Impressão: A impressão é a parte fundamental da produção gráfica. É quando a arte passa da matriz, produzida na pré-impressão, para um suporte. A impressão pode ser sem tinta, através de processos fotoquímicos, termoquímicos ou eletroquímicos, e com tinta pelos processos sem forma: jato de tinta, transferência térmica (elcográfica, cera, sublimação tinta), eletrostática (eletrofotográfica, eletrográfica, deposição de íons, magnetográfica); e através dos processos com forma: relevogravura (flexografia, tipografia, letterset, xilogravura), planográfica (litografia, offset), encavográfica (rotográfica, calcográfica, tampográfica) e permeográfica (serigráfica, estêncil).


c) Pós-impressão: A pós-impressão consiste nas etapas de acabamento, conversão e distribuição do material produzido. Tem além de um caráter estético, a função de proteção do material. O acabamento engloba o corte, refile, gofragem, revestimento, estampagem e dobradura. A conversão é o conjunto colagem, encadernação, laminação, corte e vinco, picotagem, puncionamento e perfuração. A distribuição envolve a etiquetagem, o deslocamento, empacotamento, expedição e a armazenagem do material.


Aqui, falaremos do sistema de impressão Offset e sua relação com a produção gráfica limpa.


O sistema de impressão Offset é basicamente uma evolução da litogravura, se utilizando do princípio de repulsão água-óleo.

Para que se possa ter uma idéia das possíveis modificações no sistema offset para que ela se torne mais coerente com as questões ambientais, devemos ter o conhecimento dos principais insumos deste processo gráfico.

O Guia Ambiental da Indústria Gráfica (G.A.I.G.) cita como insumos a energia, água e algumas matérias primas (dentre elas estão as resinas, óleos, pigmentos, secantes e ceras), além do suporte, da forma e outras matérias primas ainda mostradas no guia. Você pode ver detalhadamente quais são os insumos na página 15 do Guia.

Aos elementos utilizados na indústria gráfica em interação com o meio ambiente, podendo causar impactos maléficos ou benéficos ao meio ambiente, dá-se o nome de “aspectos ambientais”. O aspecto ambiental significativo tem ou pode ter impacto ambiental, que, por sua vez, é a modificação do meio ambiente.

No fim da produção, grande parte dessa matéria prima se torna resíduo e vai para o lixo. O grande problema é que a composição de alguns materiais é demasiadamente tóxica, não podendo ser simplesmente despejado no meio ambiente. A intoxicação de lençóis freáticos e a contaminação do solo podem ser causadas pelo despejo de lixo tóxico no meio ambiente, por exemplo.

Segundo o Guia ambiental da indústria gráfica, existem duas maneiras de reduzir a ocorrência de aspectos ambientais. Uma delas seria na economia e na minimização de poluentes por meio técnicas de produção mais limpa e a outra através de um sistema de fim de tubo, para tratamento e disposição final dos resíduos gerados (veja na página 19 do guia).

A partir das atividades executadas pela indústria gráfica, é possível reduzir ou até mesmo eliminar resíduos na produção através da reciclagem ou da reutilização de materiais. Isso é chamado de Produção mais limpa.


A seguir algumas etapas dessa técnica:


a) Estoque e manuseio: Normalmente as matérias-primas utilizadas pela indústria requerem algumas preocupações a respeito das condições de armazenamento. Materiais sensíveis a luz, de fácil oxidação, sensíveis à umidade, prazos de validades (que podem ser curtos e podem gerar perda de matéria-prima) são as principais causas de perda de materiais nesta fase. O guia ambiental da indústria gráfica (G.A.I.G.) apresenta nas páginas 38 e 39 algumas condutas para que não aconteçam essas perdas.

b) Pré-impressão:

b.1) Processamento da imagem: A revelação é o processo que cria mais resíduos. Logo as medidas são voltadas principalmente para o aumento da vida útil dos banhos, a possibilidade de reuso e a substituição da matéria-prima.

b.2) Processamento da forma: Para o processo de revelação, são validas as recomendações do item b.1, no caso do filme, além destas, o G.A.I.G. apresenta outras recomendações especiais nas páginas 41 a 43.

b.3) Acertos da impressão: O principal problema dessa etapa é a regulação das máquinas. É gasto muito papel para acertar a impressão. Utilizar corretamente os acessórios de automação da máquinas podem resultar num aumento da produtividade e diminuição dos custos. Mais informações consultar o G.A.I.G. nas páginas 43 e 44.


c) Impressão: Nesta fase as operações de limpeza dos equipamentos constituem uma importante fonte de aspectos ambientais significativos. Cuidados com a manutenção dos equipamentos de impressão e com o desperdício de tinta podem minimizar os impactos ambientais. Nas páginas 44 e 45 do G.A.I.G. se pode encontra medidas para reduzir esses impactos.


d) Limpeza dos equipamentos: A cada mudança no material impresso, há uma necessidade de acertos na máquina. Desse modo se torna bastante relevante a etapa de limpeza dos equipamentos. A redução de freqüência dessa limpeza é que se configura num processo de produção mais limpa.


Ora, uma quantidade tão grande de medidas a serem adotadas e na maioria dos casos um investimento ainda maior em busca de uma produção mais limpa, e a única resposta é o meio ambiente mais sustentável? Claro que não. Na edição 98 da Publish, uma matéria sobre sustentabilidade cita o que o presidente da Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG), Reinaldo Espinosa, pensa sobre o assunto. "Pela experiência que temos até agora, prejudicar o meio ambiente sai mais caro do que não prejudicar. Compensa, inclusive economicamente. Eu acredito que as empresas adotam as certificações em função da questão ambiental, mas também atrelada à questão mercadológica. Ninguém vai adotar uma certificação que o público não conhece, e, portanto, talvez, não seria tão valorizada quanto aquela que é a mais familiar. Hoje é até uma exigência do cliente se ter alguma certificação, as empresas querem ter sua marca associada a essa idéia. Há um aumento expressivo do número de empresas certificadas e em fase de certificação."

Bom, este tipo de conscientização não chegou com esse vigor que cita o Reinaldo Espinosa. Por E-mail, conversamos com o Designer Gráfico Walter Mariano e nota-se o quanto o mercado baiano tem a crescer nesse aspecto. Walter trabalha principalmente com impressos e, segundo ele, não tem como influenciar a execução dos trabalhos num sentido menos prejudicial no quesito ambiental, justamente por não ter contato com produtores que tenham tal conscientização. A falta de trabalhos nesse sentido se dá por uma falta de opções no mercado baiano. É aí, que você (designer, produtor gráfico ou cliente) pode fazer o quadro mudar.

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